A Comissão Europeia, no último dia do seu mandato, rejeitou a petição Um de nós. Amargura entre os organizadores, que falam de um "grave défice da democracia e de burocratas.
O último golpe da Comissão Europeia, nas vésperas das eleições e no dia em que terminava o seu mandato, deixa naqueles que apoiam a dignidade do embrião humano um amargo sabor de boca. A petição Um de Nós, apesar das suas 1.901.947 assinaturas recolhidas nos 28 países da UE, não será apresentada como proposta legislativa ao Parlamento Europeu.
A Comissão justificou a sua escolha, explicando que "os Estados-Membros e o Parlamento Europeu discutiram e decidiram a política da Ue nesta área só recentemente” e, portanto, considera desnecessário propor a Estrasburgo os conteúdos de Um de Nós. E a política resoluta – deve dizer-se – caminha em sentido oposto do que pedia a petição; trata-se, de fato, de financiamento com dinheiro público europeu da pesquisa científica com embriões humanos e de projetos de cooperações internacionais que implicam na difusão do aborto e na produção de fármacos abortivos.
Isto significa que a opinião de quase dois milhões de cidadãos europeus foi considerada irrelevante, indigna de ser submetida ao Parlamento Europeu, a única instituição eleita pelo povo. De nada valeu uma mobilização que permitiu a iniciativa coletar um número recorde de adesões, bem acima do que qualquer outra petição. O instrumento de democracia direta ratificado no Tratado de Lisboa, evidentemente, não goza de ampla consideração da Comissão de saída.
Dessa opinião é também Carlo Casini, presidente do Movimento para a vida e do comité Italiano de Um de Nós, que fala do “déficit de democracia” que representa “o problema mais grave que assola a União e que representa um risco para o futuro do grande sonho europeu”.
Casini, em seguida, reforça a dose, definindo os membros da Comissão “burocratas” que “ostestam grande sabedoria negando a outros, além deles mesmos, a capacidade de decidir sobre uma questão que, embora seja observada, anula o nível de humanidade da sociedade que se gostaria de construir”. Encontra também "sorrateiro" o fato de que tenham esperado o fim das eleições para tomar esta decisão. “Mas que esses burocratas, e os lobbies que os apoiam, não pensem que colocaram um ponto final na questão”, diz ainda o presidente do Mpv.
A sua referência está na origem de uma associação transnacional, que herdará o nome Um de Nós, que reúne as associações pró-vida de 28 países europeus e "retomará as fileiras da mobilização pelos direitos humanos e pela sua extensão a todos os seres humanos, sem exceções e condições".
Quem assumiu o desejo do futuro expresso por Carlo Casini foi a Associação Scienza & Vita. Paola Ricci Sindoni e Domenico Coviello, Presidente e co-presidente nacionais, esperam que o novo Parlamento “saiba expressar-se com firmeza sobre esse assunto, recolocando no centro a dignidade da vida humana desde a sua concepção, assim como pediu dos mesmos eleitores europeus”. Os dois representantes de Scienza & Vita lamentam portanto que “dois milhões de pessoas esperam uma resposta”, para que a Europa seja “uma democracia fundada sobre a tutela e sobre o respeito do mais fraco".
No documento produzido pela Comissão que certifica o veredicto contrário a Um de Nós, se afirma que “as células-tronco embrionárias são únicas e servem para tratamentos que podem salvar a vida, e, para os quais já existem experiências clínicas”. Argumento que, porém, foi contestado, de forma detalhada, por Um de Nós. Se nada ainda foi demonstrado sobre os resultados terapêuticos ligados ao uso de embriões humanos, a ciência está se encontrando sempre mais com muros no campo das células-tronco adultas reprogramadas. O tema, no entanto, permanecerá fora do núcleo de tomadas de decisões da Europa. Este o diktat dos "burocratas" de Bruxelas. (Trad.TS)
(Roma, 28 de Maio de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci)
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